"Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos"

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23/11/10

Os sete corvos!



Era uma vez um homem que tinha sete filhos, todos rapazes. Gostava muito deles, mas não era totalmente feliz porque desejava muito ter uma filha. Um dia, a mulher disse-lhe que estava à espera de mais um bebé. Seria desta vez que ia nascer uma menina?
A alegria dos pais foi enorme quando, pouco tempo depois, nasceu uma linda rapariguinha. Mas a alegria depressa se transformou em tristeza, porque a menina era muito pequenina e muito fraca. Temendo o pior, os pais resolveram baptizá-la à pressa.
- Leva esta bilha e vai à fonte buscar água para baptizarmos a tua irmã – ordenou o pai a um dos filhos.
O rapaz apressou-se a obedecer e os irmãos foram com ele. Como todos queriam encher a bilha, acabaram por a deixar cair no chão, partindo-se em mil bocados. Muito aflitos, sem coragem para enfrentarem o pai, ficaram pregados ao chão, cheios de medo.
- O que andarão eles a fazer? – Perguntava o pai, estranhando tanta demora. – Devem ter-se esquecido do que iam fazer e ficaram a brincar!
O tempo passava e os rapazes não apareciam. Cada vez mais inquieto, com receio que a filhinha morresse sem ser baptizada, o pai gritou: - Ah! Estes meus filhos não têm mais juízo do que um pássaro.Porque foi que não nasceram corvos?
Assim que acabou a frase, ouviu um bater de asas sobre a sua cabeça. Levantou os olhos e viu sete corvos, tão negros como o carvão, que atravessavam o céu, desaparecendo no horizonte.
O homem compreendeu o que se passara. O desejo que, inadvertidamente, havia proferido, tinha-se tornado realidade. Já não podia voltar atrás…
Os pais ficaram muito desgostosos com a perda dos filhos, mas esta tristeza foi compensada com a presença da filha que, de dia para dia, se tornava mais forte e mais bonita!
Passaram os anos. A menina não sabia que tinha irmãos porque os pais nunca falaram deles na sua presença. Um dia, porém, ouviu a conversa de duas vizinhas:
- É muito linda, na verdade, mas também é responsável pela desgraça que aconteceu aos sete irmãos.
A menina ficou muito espantada com o que ouviu. Correu para casa e interrogou a mãe e o pai. Os pais não ousaram manter o segredo por mais tempo e contaram-lhe como tudo acontecera. Ela achou que era a causa de todo o sofrimento, mas os pais disseram-lhe que tudo fora obra da fatalidade e o seu nascimento apenas um pretexto para o desenrolar dos acontecimentos.
Porém, a partir daquele instante, a menina pensava sempre nos irmãos e sentia-se responsável pela sua desgraça. Então, achou que devia libertá-los do encantamento que tinha caído sobre eles. Um dia fugiu de casa, resolvida a correr o mundo para encontrar os irmãos. Como recordação dos pais levou um anel que a mãe lhe oferecera. Levou também um bocado de pão para matar a fome, uma cabaça com água e uma esteira para descansar quando estivesse cansada.
Foi andando, andando, até que chegou ao fim do mundo. Era aí que moravam o Sol, a Lua e as Estrelas. Entrou primeiro na casa do Sol. Fazia um calor horrível e o Sol estava com um ar tão zangado que a menina se assustou e fugiu. Entrou a seguir na casa da Lua. Estava frio e a Lua lançou-lhe um olhar gelado. Aterrada, foi refugiar-se na casa das Estrelas.
As Estrelas eram amáveis e receberam-na com simpatia. Sentaram-se à sua volta, cada uma no seu banquinho e perguntaram-lhe qual era o motivo da sua visita. Depois de a ouvirem, pensaram numa forma de a ajudar a encontrar os irmãos.
Por fim, a Estrela da Manhã levantou-se e foi buscar uma chave:
- Toma – disse ela. – Esta é a chave que abre a porta da montanha de vidro. É lá que estão os teus irmãos.
Depois de muito andar, chegou à montanha de vidro. A porta estava fechada à chave, como as Estrelas tinham dito. Pegou no lenço, desenrolou-o mas… a chave não estava lá! Tinha-a perdido. Como podia ela agora ajudar os irmãos? Tinha que entrar na montanha, fosse como fosse!
Pegou numa faca e, com um bocado de madeira que encontrou, talhou uma chave mais ou menos do tamanho da que tinha perdido. Rodou-a na fechadura com muito cuidado e a porta abriu-se.
Muito feliz, entrou na montanha. Pouco depois, encontrou um anãozinho que lhe perguntou:
- Quem procuras, menina?
- Ando à procura de sete corvos que são os meus irmãos – respondeu.
De repente, ouviu-se o barulho de asas a bater.
- Os senhores corvos estão a chegar – disse o anão.
A menina correu para trás da porta e escondeu-se. Os corvos entraram e voaram direitos à comida, cheios de fome.
- Quem bebeu da minha caneca? – Perguntou um deles.
- Quem comeu do meu prato? – Perguntou outro.
- Esteve aqui alguém! – Exclamou o terceiro.
Os corvos comeram e beberam com sofreguidão, porque estavam cheios de fome. Quando o sétimo corvo bebeu o último gole da sua caneca, descobriu o anel e viu que era o mesmo que a mãe costumava usar.
Quem me dera que a nossa irmãzinha estivesse aqui, porque ficávamos livres do nosso encantamento! – Exclamou ele.
Então, a menina saiu do esconderijo e, nesse mesmo instante, os corvos voltaram à forma humana.
Muito felizes, os irmãos beijaram-se e abraçaram-se. Depois, regressaram todos a casa, onde os pais os receberam com lágrimas de felicidade.
Irmãos Grimm

2 comentários:

Anónimo disse...

Stora que que acha da ideia do jantar de natal do 6ªE?

Diogo Queijo, antigo aluno do 6ªE

Isabel Preto disse...

Olá Diogo:
acho óptima a ideia. Tenho muitas saudades vossas e, se todos fossem, seria como se nunca nos tivessemos separado. Esse dia seria como um passe de mágica.
Beijinhos.

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