Tonecas: Dá-me licença, senhor professor?...
Professor: Olá...Outra vez por cá...
Tonecas: É verdade, senhor professor...E venho muito bem disposto, sabe?...
Professor: Então porquê?
Tonecas: Porque trago a lição muito bem sabidinha...
Professor: Já vamos ver isso...As palavras podem ser agudas, graves ou esdrúxulas, não é verdade?
Tonecas: É sim, senhor professor...
Professor: As agudas têm o acento tónico na última sílaba, as graves, na penúltima e as esdrúxulas, na antepenúltima, percebeu?
Tonecas: Perfeitamente, senhor professor...
Professor: Diga-me então, a palavra pontapé é aguda, grave ou esdrúxula?
Tonecas: É grave senhor professor...
Professor: Essa agora! Então o menino acha que pontapé é uma palavra grave?
Tonecas: Muito grave, senhor professor...Ainda esta manhã apanhei um, que me fez ver as estrelas...
Professor: Oh menino!...Não diga tolices, por favor!... Pontapé é uma palavra aguda.
Tonecas: Não, senhor professor...A dor de um pontapé é que é muitíssimo aguda...
Professor: Mau!...Então o menino quer ensinar-me a mim, que sou professor há dezoito anos?...
Tonecas: E o senhor professor quer ensinar-me, a mim, que levo pontapés desde que me entendo?...
Professor: Cale-se, menino!... E responda apenas às minhas perguntas...Dê-me um exemplo de uma palavra aguda.
Tonecas: Uma palavra aguda...Agulha!...
Professor: Ó menino! Agulha não é aguda...
Tonecas: Ai não, não é!...Experimente espetar uma num dedo e verá...
Professor: Ó menino! Agulha é uma palavra grave! E é grave, porque tem o acento tónico na penúltima sílaba...Salomé, por exemplo, é que é aguda...
Tonecas: Olha, olha!...Salomé, aguda!...A minha criada chama-se Salomé e não é nada aguda...É estúpida que nem uma porta ondulada...
Professor: Ó menino! Eu confesso que já não sei o que lhe hei de perguntar...
Tonecas: Mas sei eu, senhor professor: pergunte-me se eu quero uma dúzia de bolos.
Professor: Uma dúzia de bolos nas mãos, com uma palmatória, é que o menino precisava...Ora, diga-me: elétrico é uma palavra aguda, grave ou esdrúxula?
Tonecas: É esdrúxula...
Professor: Muito bem, sim senhor...
Tonecas: Vê, senhor professor?...Vê como eu sei tudo?...
Professor: Ora se elétrico é uma palavra esdrúxula, faça favor de me dizer: onde é que o menino põe o acento em elétrico?
Tonecas: Conforme, senhor professor...Se houver lugar sentado, ponho-o no banco; se não houver, vou em pé...
Professor: Ó menino! Mas isso é um absurdo!...
Tonecas: Pois é...Mas que quer o senhor professor?...A Companhia não põe mais carros em circulação...
Professor: Olhe, menino...Vá-se embora e não torne a aparecer-me, sim?...
Tonecas- Porquê, senhor professor?...
Tonecas: Não, senhor professor...A dor de um pontapé é que é muitíssimo aguda...
Professor: Mau!...Então o menino quer ensinar-me a mim, que sou professor há dezoito anos?...
Tonecas: E o senhor professor quer ensinar-me, a mim, que levo pontapés desde que me entendo?...
Professor: Cale-se, menino!... E responda apenas às minhas perguntas...Dê-me um exemplo de uma palavra aguda.
Tonecas: Uma palavra aguda...Agulha!...
Professor: Ó menino! Agulha não é aguda...
Tonecas: Ai não, não é!...Experimente espetar uma num dedo e verá...
Professor: Ó menino! Agulha é uma palavra grave! E é grave, porque tem o acento tónico na penúltima sílaba...Salomé, por exemplo, é que é aguda...
Tonecas: Olha, olha!...Salomé, aguda!...A minha criada chama-se Salomé e não é nada aguda...É estúpida que nem uma porta ondulada...
Professor: Ó menino! Eu confesso que já não sei o que lhe hei de perguntar...
Tonecas: Mas sei eu, senhor professor: pergunte-me se eu quero uma dúzia de bolos.
Professor: Uma dúzia de bolos nas mãos, com uma palmatória, é que o menino precisava...Ora, diga-me: elétrico é uma palavra aguda, grave ou esdrúxula?
Tonecas: É esdrúxula...
Professor: Muito bem, sim senhor...
Tonecas: Vê, senhor professor?...Vê como eu sei tudo?...
Professor: Ora se elétrico é uma palavra esdrúxula, faça favor de me dizer: onde é que o menino põe o acento em elétrico?
Tonecas: Conforme, senhor professor...Se houver lugar sentado, ponho-o no banco; se não houver, vou em pé...
Professor: Ó menino! Mas isso é um absurdo!...
Tonecas: Pois é...Mas que quer o senhor professor?...A Companhia não põe mais carros em circulação...
Professor: Olhe, menino...Vá-se embora e não torne a aparecer-me, sim?...
Tonecas- Porquê, senhor professor?...
José de Oliveira Cosme, in as Lições do Tonecas
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