Eduardo era muito curioso e perguntava a si mesmo porque não caíam o céu azul nem a lua...
Um dia, também se perguntou porque dormiam as pessoas, e porque o faziam de noite.
Farto de tantas perguntas, procurou respostas, e, uma noite, meteu-se na cama com a intenção de manter os olhos bem abertos para descobrir o que acontecia se não dormisse.
A meio da noite, contudo, o sono apareceu. Eduardo esfregou os olhos e levantou-se de um salto.
Vestiu uma camisola e foi para o jardim. De repente, viu um grande mocho num ramo, que o fitava com os olhos bem abertos e perguntou-lhe:
- Que fazes acordado, mocho? Está na hora de dormir!
- Nós os mochos dormimos de dia. Sou eu que vigio o sono das pessoas! respondeu o mocho.
- Porque não estás ainda a dormir?
- Quero saber o que acontece se estiver toda a noite acordado.
O mocho respondeu rapidamente:
- Não sonhas!
- E é assim tão importante sonhar? admirou-se Eduardo.
- Conheço um país - disse o mocho - onde as pessoas estão sempre acordadas. Se o quiseres ver, agarra-te com muita força às minhas asas!
Ao fim de pouco tempo, chegaram a um lugar onde não era de noite nem de dia e não existiam cores.As casas não tinham flores nas janelas, as pessoas caminhavam sempre com pressa e vestiam roupas tristes, e os pássaros não cantavam.
- Que se passa com elas?
-Vivem tão atarefadas, - disse o mocho - que se esqueceram de dormir... Por isso não sonham!
- Quando uma pessoa não sonha, fica cinzenta?- perguntou Eduardo.
- Sonhar é imaginar - respondeu o mocho. - Como já não imaginam, vivem num lugar triste.
-Sabes, mocho, estou cansado. Quero voltar para a minha cama e sonhar!
- Então, agarra-te bem às minhas asas...
E, enquanto regressavam, o menino adormeceu.
Quando acordou, estava no meio dos lençóis. Então, lembrou-se das pessoas tristes e cinzentas...
- Terei sonhado?- perguntou-se.
Ao levantar-se obteve a resposta: tinha a camisola vestida e havia uma pena na sua cama!
Muito contente, abriu a janela e gritou:
-Obrigado, mocho!
- Agora já sei que precisamos de dormir para descansar e que, sobretudo, o importante é sonhar!
Joan de Déu Prats. Vamos dormir. Il. Gloria Garcia
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