Um Sonho Especial
Era uma vez um sonho infeliz porque nunca tinha sido sonhado por
ninguém. Ora um sonho precisa de pelo menos um sonhador…Todos os dias se
apresentava no quartel-general dos sonhos, mas era sempre dispensado!
Que triste sina a dele! Estaria destinado a ficar arrumado num
canto, sem nunca experimentar a sensação de ser sonhado?
- Isso é que não! Sonho que é sonho, “arregaça as mangas” e vai
à luta. Nunca desiste! - pensou ele com firmeza.
Se
bem pensou, melhor o fez, foi atrás do seu objetivo. Decidiu, então, falar com
o general dos sonhos para que este o ajudasse na sua luta. E fez muito bem,
porque o general logo o encaminhou para um jovem que nunca tinha tido um sonho.
Era alguém muito triste e deprimido, pois os pais tinham emigrado e o jovem
vivia sozinho. Bem…não vivia propriamente sozinho, tinha três gatos que lhe
faziam companhia.
Quando
o sonho chegou à porta do jovem, bateu três vezes, mas ninguém atendeu. Então
pôs-se à escuta durante algum tempo e ouviu um choro sem fim, que lhe partiu o
coração. Foi aí que resolveu ajudar aquele jovem, pois não conseguia ver
ninguém triste.
Eu
não sei se vocês sabem, mas os gatos são capazes de grandes feitos, tornam a
vida dos humanos muito especial, absorvem as energias negativas e enchem os
donos de miminhos. São realmente criaturas de luz, de coração puro, por isso,
são capazes de falar com os sonhos! Resolveram, por isso, ir abrir a porta e
contaram ao sonho tudo quanto afligia o nosso jovem. Explicaram-lhe que, por
vezes, se enroscavam por cima dele, ronronavam e, por momentos, o dono sorria e
descansava, mas que, noutros momentos, a saudade dos pais se fazia maior e a
dor insuportável!
O
sonho pensou que seria muito bom ter o condão de poder fazer magia e apagar
esse sofrimento todo. Lembrou-se que podia fazer o nosso jovem sonhar com os
pais e suavizar um pouco essa tristeza e saudade.
-É
hora de ir para a cama, apagar a luz do candeeiro, acender as estrelas e dar
luz aos sonhos.
Os
três gatos concordaram e foram miar para junto do jovem, que ficou um pouco
perplexo, mas depressa percebeu o que aqueles miados significavam.
Foi
escovar os dentes e dirigiu-se à cama, onde os seus gatinhos já o esperavam e
depressa se aninharam junto dele, embalando-o num ronronar doce e suave que,
aos poucos, lhe fizeram fechar os olhos.
O
sonho aproveitou a oportunidade e sussurrou-lhe ao ouvido o sonho que o jovem
iria sonhar.
Sonhou
que estava junto dos pais e era domingo. Tinham ido passear ao campo. Havia um
rio maravilhoso e pescou toda a manhã com o pai. Mais tarde fizeram um
delicioso piquenique, que sua mãe preparara…. Quando acordou, sentiu-se muito
mais calmo e com um sorriso no coração. Agradeceu aos seus gatinhos, por o
terem ajudado a adormecer e foi para a escola. Estava ansioso pela noite, pois
tinha esperança de voltar a sonhar com os pais. E, assim foi. O sonho nunca
mais se sentiu infeliz, pois tinha agora a nobre missão de encantar as noites
daquele jovem. Pelo menos, durante a noite, o jovem não estava sozinho, estava
acompanhado pela família e a saudade tornava-se menos dolorosa. Os dias também
passavam agora mais depressa, estudava com afinco, para ter boas notícias para
dar aos pais e brincava muito com os seus gatinhos. Os livros também lhe faziam
companhia e ajudavam-no a viajar “sem sair do lugar”, a aprender coisas novas,
a crescer e a sonhar.
O
tempo passou e, uma noite, bateram à porta. Bateram três vezes. Desta vez, não
era o sonho…O jovem, de coração mais leve, foi abrir a porta e os seus olhos
nem queriam acreditar! Diante de si, estavam os pais, que tinham regressado!
Estaria a sonhar?
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