O Sujeito ia a passar e apercebeu-se de uma algazarra enorme entre os constituintes da frase “Anulou as peneiras ao complemento!”. Apurou o ouvido e:
- Não concordo! Não concordo! Não concordo! Podemos estar todos no predicado, mas não somos equivalentes – dizia o Complemento Direto. – Eu sou mais importante, porque respondo a uma infindável variedade de coisas quando perguntam ao Verbo “O quê?”.
- Deixa-te disso! – Diz-lhe o Complemento Indireto. – Eu também dou resposta ao Verbo se lhe perguntarem “A quem?”, ou não?
Nisto, ouve-se uma vozinha fininha, mas determinada:
- Calem-se todos! Eu sou o dono desta frase. Aqui quem manda sou eu! Sem mim, nem predicado haveria. Além disso, nem sempre eu, o Verbo, preciso de complementos para existir. Aliás, nesta frase, nem do sujeito! – exclamou o Verbo.
Ao ouvir isto, o Sujeito, sentindo-se um pouco melindrado na sua dignidade, juntou-se à frase e disse:
- Ora viva! Aqui onde me encontro, olhando bem à minha direita, não vejo melhores ou piores funções sintáticas! O que eu vejo é diversidade.
O Verbo voltou à carga:
- Ai sim? Então quem é que aqui é insubstituível, quem é?
Silêncio na frase. E, de um canto ali perto, ouviram-se umas risadinhas, seguidas de um barulho de passinhos a correr e, de repente, surgiram três Pronomes amigos do Verbo, que pontapearam para longe o Sujeito, o Complemento Direto e o Complemento Indireto. A frase recompôs-se, dando razão ao Verbo. Consegues adivinhar como é que ela agora se escreve?
Paula Alexandra Almeida
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