Mais tarde, quando me encontrei só no mundo, como não tinha dinheiro, resolvi construí-la com as próprias mãos.
Fiz primeiro a minha casa de papel que era um material barato. E assim que ficou pronta, vieram todos os ventos da Terra e levaram a minha casa de papel, leve como uma pluma.
Fiquei sem casa. Mas não desisti. Pensei muito, e fiz então a minha casa à beira mar, com areia da praia, que é também um material barato.
Mal estava pronta, vieram todas as marés do mundo e levaram a minha casa de areia, alta como uma torre.
Deu-me vontade de desistir, mas eu precisava de uma casa, e sobretudo não podia desistir do meu sonho.
E resolvi fazer a minha casa de madeira. Cortei-a dos bosques com as próprias mãos. Ficou linda!... Escondida entre a folhagem.
Mas ainda mal a tinha acabado, vieram todos os fogos do Céu e queimaram a minha casa de madeira, quente como um ninho.
Chorei sobre as cinzas, como se chora uma pessoa querida que morreu. Mas mesmo assim, não desisti. Pensei muito, e resolvi fazer a minha casa de açúcar.
- De açúcar? Mas açúcar não é um material barato!
- Pois não! Mas eu precisava duma casa, e sobretudo não podia desistir do meu sonho, não acham?
Trabalhei, lutei, passei fome, para juntar todo o açúcar necessário. E quando a minha casa estava pronta - eram de açúcar as paredes, o chão, o tecto, os móveis, as portas e as janelas. Vieram todos os bichos da terra e devoraram a minha casa de açúcar, doce como o mel.
Fiquei sem casa E desisti de a construir com as próprias mãos.
- E onde mora?
- Onde moro eu? Sei lá! Vou pelo mundo. Aqui, além, no bosque, à beira mar
- Então não tem casa?!
- Tenho, sim! Eu podia lá desistir do meu sonho!
Resolvi imaginá-la. Num sítio onde não chega o vento, nem o mar, nem o fogo, nem os bichos da terra.
Fiz a minha casa com o meu próprio sonho. Ficou linda! Leve como uma pluma, alta como uma torre, quente como um ninho, e doce como o mel...
Ricardo Alberty