A coruja encontrou a águia, e disse-lhe:
- Oh águia, se vires uns passarinhos muito lindos em um ninho, com uns biquinhos muito bem feitos, olha lá não m’os comas, que são os meus filhos.
A águia prometeu que os não comia; foi voando e encontrou n’uma árvore um ninho de coruja, e comeu as corujinhas. Quando a coruja chegou e viu que lhe tinham comido os filhos, foi ter com a águia, muito aflita:
— Oh águia, tu foste-me falsa, porque prometeste que não me comias os meus filhinhos, e mataste-m’os todos!
Diz a águia:
— Eu encontrei umas corujas pequenas n’um ninho, todas depenadas, sem bico, e com os olhos tapados, e comi-as; e como tu me disseste que os teus filhos eram muito lindos e tinham os biquinhos bem feitos entendi que não eram esses.
— Pois eram esses mesmos, disse a coruja.
— Pois então queixa-te de ti, que é que me enganaste com a tua cegueira.
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