-Olá, avó, tenho uma coisa para te perguntar.
-Desembucha lá!
-O que aconteceu em 1974, no dia vinte e cinco de Abril?
-Mas, porque queres saber...
-Por curiosidade, apenas.
-Está bem. Eu trabalhava na companhia telefónica e, por isso, andava de café em café...
-Conta mais!
-Nesse dia, por momentos, fiquei assustada, pois durante algum tempo só se viam tropas e polícias na rua.
Depois...passou no rádio uma música revolucionária, naquele tempo proibida.
Ouviam-se pessoas a gritar:"Abaixo o Salazar! Abaixo o Salazar!"
-As pessoas estavam cansadas, não é avó?
-Estavam cansadas e fartas de se sentir amordaçadas. Não havia liberdade para nada!
-Foste para a rua também, avozinha?
- Fui, pois! Estava curiosa e fiquei assombrada com o carro das tropas à volta do quartel do Carmo. Estás a gostar de ouvir?
Mas eu já ressonava!
-Acácio, leva o rapaz para a cama.
No dia seguinte, à noitinha, voltei a perguntar:
-O que tens para mim hoje, avó?
-Vou contar-te sobre um acontecimento muito importante. Aconteceu, quando eu era nova. O "tsunami Angolano", tal como chamaram a um tsunami que destruiu tudo em Angola...
-Conta, conta lá avó!
-Está bem...eu estava lá com os meus padrinhos, estava na praia a andar de cavalo, quando este teve uma reação estranhíssima! Fugiu da praia, comigo no dorso! Os meus padrinhos foram atrás de mim e, quando me viram, numa esquin com a cabeça do cavalo deitada nas minhas pernas, não perceberam logo. Levaram-me para o hotel e soubemos que acontecera um tsunami lá na praia, onde tínhamos estado!
Deram mil beijinhos ao cavalo e compraram-lhe uma sela de ouro!
-Que história, avó!
E noite, após noite, a minha avó tem sempre uma história para contar...na verdade, a minha avó é um livro de contos, uma caixinha de surpresas!
Gonçalo, 6ºG
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